Representação do negro na arte e na literatura: a Vênus Hotentote, raça como espetáculo; o negro no cinema e no audiovisual brasileiro e a fábula das três raças ou o mito da democracia racial: o bom crioulo e a “mulatinha meu amor”; emergência de um outro sujeito:; emergência do novo no cenário cultural e nas relações raciais no Brasil - nova apresentação e representação do negro.

Justificativa
Por muito tempo, tanto o cinema, especificamente, quanto a arte visual em geral tem sido problematizados em função da contribuição à fomentação de uma identidade nacional e social racializada, que alimenta mecanismos de produção das desigualdades sociais decorrentes do racismo. Nos últimos anos, no entanto, tem se fortalecido movimentos no sentido de afirmação de sua importância para o combate ao racismo e pela promoção da equidade racial. A oferta de uma disciplina cujos conteúdos contribuam à educação das relações étnico-raciais em um curso que se ocupa da formação de futuros profissionais para a área de cinema e artes visual atende ao disposto na Constituição Federal de 1988, na LDB nº 9394/96, bem como à Resolução CNE/CP Nº 1, de 17 de junho de 2004, que integrando o Parecer CNE/CP 3/2004, de 10 de março de 2004 como parte de seu conteúdo, institui “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Em decorrência da Pandemia de COVID-19 e da suspensão das atividades presenciais (Resolução Consepe 87/2020), a disciplina Relações Raciais no Cinema e no Audiovisual será ofertado por meio de TIC na educação, conforme Resolução Consepe-UFMT nº 174, de 30 de agosto de 2021.

Possibilitar aos alunos condições teórico-reflexivas que os auxilie a compreender de forma crítica as bases ideológicas de configuração das relações raciais na sociedade brasileira, bem como a construir quadros que referência que lhes possibilitem desenvolver criticidade sobre o racismo e suas consequências sociais, na expectativa de que possam assumir postura antirracismo na vida em sociedade e em suas futuras práticas profissionais.

1. analisar, a partir de referenciais teóricos, a influência das ideologias raciais no imaginário social brasileiro, bem como as implicações e consequências do racismo no cotidiano social;
2. discutir os mecanismos, que, historicamente, integraram os processos de incorporação das teorias raciais pela sociedade brasileira;
3. refletir sobre questões relacionadas à alteridade, propiciando compreensão do processo sócio-histórico que transformam diferenças em desigualdades;
4. compreender conceitos como racismo, preconceito, discriminação racial, bem como o sistema de classificação da população brasileira;
5. desenvolver, no âmbito da disciplina, estratégias pedagógicas que possibilitem aos estudantes refletir sobre sua formação sob perspectiva de futura atuação profissional em perspectiva antirracismo;
6. valorizar, no âmbito da respectiva área de formação a importância da população negra, reconhecendo sua capacidade de agência também no campo do cinema e da arte visual.

A condução do processo pedagógico se inspira na metodologia Paulo Freire. Embora ela tenha sido construída com vistas à alfabetização de pessoas adultas e em uma perspectiva de classe, sua aplicação se apresenta atual em outros contextos, posto que se volta ao desenvolvimento da apreensão crítica e com discernimento da realidade e dos problemas sociais. Sob essa perspectiva, compreendemos de que uma prática pedagógica inspirada no método de ensino freireano, que busca leitura crítica do mundo, do cultivo do diálogo e da promoção dos seres humanos, pode também contribuir para a emancipação dos mecanismos racistas de aprisionamentos sociais, considerando que “Paulo Freire assume em suas obras uma pedagogia centrada na pessoa humana capaz de intervir no mundo [...]” (NOGUEIRA, ALBARADO, VASCONCELOS, 2020, p. 280). A turma de estudantes será provocada a exercitar sua capacidade de agência em relação ao conhecimento e ao seu processo formativo. No início do semestre, cada estudante escolherá uma obra (filme, documentário, peça publicitária, fotografia, música, literatura) a ser analisada no decorrer do semestre com base em conteúdos pertinentes à disciplina, devendo entregar a elaboração final para avaliação em data até 20 dias anterior ao final da disciplina conforme definida no guia de estudo. Visto que a disciplina será desenvolvida por mediação tecnológica, todas as atividades e orientações para sua realização serão postadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem da Universidade Federal de Mato Grosso (AVA/UFMT), podendo ser acessadas por cada estudante, integrante da turma. Caso seja necessária, a comunicação entre docente e estudantes também poderá ser feita por intermédio dos e-mails, cadastrados na sala de aula da disciplina ou de e-mails fornecidos no decorrer da disciplina para esse fim.
Utilizaremos, enquanto recursos didático-pedagógicos: fóruns, enquetes, leituras prévias, material audiovisual (filmes, documentários, peças publicitarias e outros); produções textuais: orais, escritas e em diferentes linguagens; debates em sala de aula; pesquisa com exposição dos resultados orais e escritos, se possível, em formato de seminário.

A avaliação será de forma processual, considerando a participação e o desenvolvimentos das atividades propostas. A média resultará da média das notas obtidas no decorrer do semestre no limite de zero a dez. O aluno ou a aluna que não obtiver média mínima regimentalmente definida terá de submeter-se à avaliação final, que será a elaboração de um texto dissertativo, tomando por base todos os conteúdos estudados durante o semestre, devidamente fundamentado nas referências utilizadas.

1. Devido ao contexto especial de Pandemia de COVID–19 e a suspensão de atividades presenciais, a disciplina será ofertada em formato remoto por meio de tecnologias de informação e comunicação (TICs).
2. O controle de presença foi dispensado no art. 6º da Resolução Consepe 87/2020, em razão da pandemia de Covid.