MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PLANO DE ENSINO

Identificação

Disciplina: LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
Curso: Graduação Em Direito, Bacharelado - Presencial/CAMPUS ARAGUAIA
Nível: Graduação
Código: 70400857   Período: 20192   Turma: D1
Unidade Ofertante: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Carga Horária Teórica: 64 horas   Carga Horária Prática: 0 horas   Carga Horária Total: 64 horas
Tipo de Disciplina: OBRIGATÓRIO
Professor: FELIPE RODOLFO DE CARVALHO

Status: Homologado

Ementa

Linguagem e semiologia: história e elementos – Usos da linguagem – Principais correntes da semiologia – Formas de argumentação – A nova retórica – Falácias não-formais e argumentos – As técnicas de argumentação nas práticas jurídicas. O senso comum teórico dos juristas: verdade e ideologia.

Justificativa

O Direito é um fenômeno multifacetado. Trata-se de instrumento normativo que integra fatos a valores. Naturalmente, é também um mecanismo de poder. Tudo isso, no entanto, se conecta com uma condição fundamental: sua expressão linguística. Usando a linguagem ou constituindo em si mesmo uma linguagem, o Direito não pode ser compreendido à parte desta sua relação fundamental com a linguagem. É necessário, então, perceber como boa parte dos problemas jurídicos são simultaneamente problemas linguísticos. Isto fica cada vez mais evidente ao jurista da contemporaneidade, que não precisa apenas conhecer tecnicamente leis e códigos, mas que necessita, ademais, compreender a fundo e fazer uso dos novos aportes teóricos proporcionados pela Hermenêutica Jurídica e pela Teoria da Argumentação Jurídica.

Objetivo Geral

Oferecer uma compreensão ampla sobre as relações entre Direito e Linguagem, não só destacando as especificidades da Linguagem Jurídica mas também sublinhando as condições e os modos pelos quais o Ordenamento Jurídico, dependente da atividade argumentativa, se constitui enquanto um sistema produtor de sentidos.

Objetivos Específicos

- Descortinar a faceta linguística do Direito por intermédio da distinção entre a Linguagem Natural e a Linguagem Jurídica;
- Apresentar as principais correntes semióticas e a maneira como se dirigem ao campo jurídico;
- Prestar uma visão geral da Hermenêutica Jurídica, desde o seu significado aos seus instrumentos de realização;
- Discutir o caráter argumentativo do Direito, ressaltando as mais relevantes teorias e técnicas de argumentação, assim como os mais conhecidos tipos de argumentos;
- Sublinhar as várias interfaces entre Direito e Literatura, destacando a sua contribuição para o imaginário jurídico;
- Deslindar a especificidade do Discurso Jurídico, demonstrando como nele se entremeiam a Palavra, a Violência e o Poder.

Conteudo Programático

Tópico / Subtópico

Metodologia

A estrutura metodológica da aula está lastreada, basicamente, em ensinamentos teóricos ministrados pelo Professor, com apoio em livros didáticos e leituras complementares, através de aula expositiva, aberta à participação do aluno no processo pedagógico.
O modo como os conteúdos são transmitidos visa a engajar os alunos, instigando-os a se interessar pelas discussões, a refletir sobre os pontos suscitados e a se aprofundar sobre as questões. Daí a preocupação em contextualizá-los não só em termos dogmáticos mas também levando em consideração as pré-compreensões existentes e os problemas que afetam diretamente a realidade dos acadêmicos.
Os discentes têm liberdade para, no decurso e no final das aulas, fazer perguntas, de modo a contribuir para um balanço geral, para a recapitulação da matéria e para a resolução de dúvidas, suscitando, assim, um debate horizontal entre os presentes e permitindo o esclarecimento dos tópicos abordados.
Para o acompanhamento da aula, o Professor indicará as unidades temáticas e os itens específicos contemplados, recomendando, ainda, a bibliografia utilizada. Na pretensão de engendrar estímulos a partir de recursos extrajurídicos, sempre que possível, serão sugeridas dicas de filmes, documentários e livros em geral.

Avaliação

A disciplina contará com quatro atividades avaliativas: duas delas consistirão em debate em torno de obras selecionadas; duas outras consistirão em provas escritas sobre o conteúdo ministrado, conforme tabela abaixo:

1º Bimestre
- Manhã Jusliterária (2,0)
LTI: A linguagem do Terceiro Reich, de Victor Klemperer; e 1984, de George Orwell. [Trechos selecionados]
- Prova 1 (3,0)

2º Bimestre
- Manhã Jusliterária (2,0)
O mercador de Veneza, de Willian Shakespeare. [Obra completa]
- Prova 2 (3,0)

Além disso, será disponibilizado um exercício avaliativo pela Plataforma AVA, com atribuição de um ponto (1,0) extra.

Bibliografia

Básica

Referência Existe na Biblioteca

Complementar

Referência Existe na Biblioteca

Informações Adicionais

Para os alunos que quiserem se aprofundar nos temas da disciplina, indica-se as seguintes obras:

ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Tradução de Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy, 2001.
________. Teoria discursiva do direito. Tradução de Alexandre Travessoni Gomes Trivisonno. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
ASENSI, Felipe Dutra. Curso prático de argumentação jurídica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
ATIENZA, Manuel. As razões do direito: teorias da argumentação jurídica. Tradução de Maria Cristina Guimarães Cupertino. 3. ed. São Paulo: Landy, 2003.
________. Curso de argumentación jurídica. Madrid: Trotta, 2013.
________. O sentido do direito. Tradução de Manuel Poirier Braz. Lisboa: Escolar, 2014.
BITTAR, Eduardo C. B. Introdução ao estudo do direito: humanismo, democracia e justiça. São Paulo: Saraiva, 2018.
________. Linguagem jurídica. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
________; ALMEIDA, Guilherme de Assis. Curso de filosofia do direito. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2012.
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito. Tradução de Márcio Pugliesi, Edson Bini e Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, 2006.
________. Teoria geral do direito. Tradução de Denise Agostinetti. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
BOURDIEU, Pierre. Habitus, code et codification. Actes de la recherche en sciences sociales, Paris, v. 64, p. 40-44, septembre 1986.
________. O poder simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Lisboa: DIFEL; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
________. PASSERON, Jean Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. 3. ed. Tradução de Reynaldo Bairão. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
CAPELLA, Juan-Ramon. El derecho como lenguaje: un análisis lógico. Barcelona: Ediciones Ariel, 1968.
CARRIÓ, Genaro R. Notas sobre derecho y lenguaje. 3. ed. aument. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1986.
CARVALHO, Felipe Rodolfo de. Outramente: o direito interpelado pelo rosto do outro. 2017. 461f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
________. O rosto do outro e a letra da lei: ensaio sobre uma hermenêutica jurídica da alteridade. Annales FAJE, v. 3 n. 1 (2018), III Seminário Internacional Emmanuel Lévinas "Amor e Justiça", p. 62-71.
________. Prolegômenos sobre a relação entre direito e linguagem. In: Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, v. 33, n. 2, p. 259-281, jun./dez/2017.
COVER, Robert. Derecho, narración y violência: poder constructivo y poder destructivo en la interpretación judicial. Tradução de Cristian Courtis. Barcelona: Gedisa, 2002.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução de Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Argumentação jurídica. Barueri: Manole, 2014.
________. Direito, retórica e comunicação: subsídios para uma pragmática do discurso jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
________. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2007.
________. Para sempre e sempre. 2. ed. Barueri: Minha Editora, 2012.
FETERIS, Eveline T. Fundamentals of legal argumentation: a survey of theories on the justification of judicial decisions. 2. ed. Springer: Dordrecht, 2017.
FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2017.
GOODRICH, Peter. Legal discourse: studies in linguistics, rhetoric and legal analysis. New York: St. Martin’s Press, 1987.
HART, H. L. A. O conceito de direito. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
HENRIQUES, Antonio. Argumentação e discurso jurídico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
HESPANHA, António Manuel. O caleidoscópio do direito: o direito e a justiça nos dias e no mundo de hoje. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2009.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução de João Baptista Machado. 8. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
KLATT, Matthias. Making the law explicit: the normativity of legal argumentation. Portland/Oxford: Hart Publishing, 2008.
LODDER, Arno R. Dialaw: on legal justification and dialogical models of argumentation. Dordrecht: Springer, 1999.
MACCORMICK, Neil. Retórica y Estado de Derecho: una teoría del razonamiento jurídico. Tradução de José Ángel Gascón Salvador. Lima: Palestra, 2016.
MENDES, Antonio Celso. Direito: linguagem e estrutura simbólicas. Curitiba: Faculdade de Direito de Curitiba; Associação de Ensino Novo Ateneu, 1994.
OLIVECRONA, Karl. Lenguaje jurídico y realidad. Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Buenos Aires: Centro Editor de América Latina, 1968.
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
OST, François. Contar a lei: as fontes do imaginário jurídico. Tradução de Paulo Neves. São Leopoldo: UNISINOS, 2007.
OUAKNIN, Marc-Alain. Lire aux éclats: éloge de la caresse. Paris: Seuil, 1994.
PAVLAKOS, George (Edit.). Law, rights and discourse: the legal philosophy of Robert Alexy. Portland/Oxford: Hart Publishing, 2008.
PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação
RAZ, Joseph. Razão prática e normas. Tradução de José Garcez Ghirardi. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
ROMÁN, Javier Orlando Aguirre. La relación lenguaje y derecho: Jürgen Habermas y el debate iusfilosófico. Opinión Jurídica, Medellín, Colombia, v. 7, n. 13, p. 139-162, enero-junio de 2008.
ROSS, Alf. Lógica de las normas. Tradução de Jose S.-P. Herro. Madrid: Tecnos, 1971.
SANTOS, Maria Celeste C. Leite. Poder jurídico e violência simbólica: problemas do Poder na obra póstuma de Hans Kelsen, “Allgemeine Theorie der Normen”. São Paulo: Cultural Paulista, 1985.
SCHMIDT, Lawrence K. Hermenêutica. 3. ed. Tradução de Fábio Ribeiro. Petrópolis: Vozes, 2014.
SESMA, Victoria Iturralde. Lenguaje legal y sistema jurídico: cuestiones relativas a la aplicación de la ley. Madrid: Fundacio´n Cultural Enrique Lun~o Pen~a; Tecnos, 1989.
SHECAIRA, Fábio P.; STRUCHINER, Noel. Teoria da argumentação jurídica. Rio de Janeiro: PUC-Rio: Contraponto, 2016;
SILTALA, Raimo. Law, truth and reason: a treatise on legal argumentation. Dordrecht/Heidelberg/London/New York: Springer: 2011.
STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção do direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999.
SUCASAS, Alberto. El rostro y el texto: la unidad de ética y hermenéutica. Barcelona: Anthropos, 2001.
VIEHWEG, Theodor. Tópica e jurisprudência. Tradução de Tercio Sampaio Ferraz Jr. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional, 1979.
VOLLI, Ugo. Manual de semiótica. Tradução de Silva Debetto C. Reis. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2012.
WARAT, Luis Alberto. Mitos e teorias na interpretação da lei. Porto Alegre: Síntese, 1979.
WATZLAWICK, Paul; BEAVIN, Janet Helmick; JACKSON, Don D. Pragmática da comunicação humana: um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da interação. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 2007.
WHITE, James Boyd. Living speech: resisting the empire of force. Princeton/Oxford: Princeton University Press.
________. When words lose their meaning: constitutions and reconstitutions of language, character and community. Chicago/London: The University of Chicago Press, 1984.

Aprovação

Aprovado em reunião do Colegiado do Curso realizada em ___/___/_____.
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Coordenador(a) do Curso